Um artista a serviço do planeta
A Jornada do incansável artista-ativista: Jacaré!
"Jacaré" é o apelido de Ermiro Augusto de Souza Lima Júnior, um artista plástico e reciclador do Recife, que vem, há 40 anos, transformando resíduos recicláveis em verdadeiras obras de arte, desafiando a cultura do desperdício e promovendo a sustentabilidade. Com um estilo minimalista e uma visão humanista, Jacaré não apenas critica a cultura do descarte, mas também inspira a economia circular.
Além de seu trabalho artístico, Jacaré é um dedicado educador ambiental. Em seu ateliê, ele dá vida a esculturas de sucata que personificam até super-heróis com missões ambientais. Suas obras encantam e denunciam o mundo do descartável, enriquecendo o debate sobre a cultura do desperdício e a importância da educação ambiental nas escolas. Explore o mundo de Jacaré e descubra como sua criatividade está mudando a forma como vemos resíduos e sustentabilidade."
Histórico
Ermiro Lima, também conhecido como Jacaré, é um artista plástico e reciclador do Recife, cuja jornada abrange quatro décadas de dedicação à transformação de resíduos recicláveis em obras de arte. Sua trajetória artística iniciou nos anos 80, customizando roupas e acessórios, evoluindo para a exploração de diferentes formas de expressão. Ele trabalhou com cerâmica, pintura e também teve experiência na modelagem de joias, adquirindo habilidades essenciais que se refletem em suas criações com diversos tipos de materiais.
Nos anos 90, Jacaré participou de eventos significativos relacionados à reciclagem, como o Festival Drap Art em Barcelona, Espanha, e o Braderie de l'Art em Paris, França. Nesta mesma época se integrou ao efervescente cenário cultural de Recife, colaborando com o movimento Manguebeat e projetos que buscavam levar arte e educação ambiental a comunidades, transformando a vida de jovens em áreas periféricas.
De 2000 a 2014, Jacaré esteve envolvido em diversas atividades nas artes plásticas, destacando-se sua participação no ateliê coletivo Submarino, que trouxe uma abordagem contemporânea e irreverente para a cena artística do Recife. Além disso, ele foi o fundador do Espaço Cultural Cafundó e contribuiu para projetos como o SPA das Artes, dedicado a performances e arte urbana.
Em 2015, abriu as portas da sua casa e inaugurou um ateliê no bairro do Espinheiro, Zona Norte do Recife. Nesse espaço, ele passou a realizar uma variedade de atividades relacionadas à arte e à sustentabilidade, envolvendo diversos parceiros. Com a produtora Bianca Pimentel, embarcou em projetos destinados a promover a cultura da sustentabilidade. Esses projetos incluem exposições, oficinas de arte-reciclagem, produção de conteúdos audiovisuais e digitais.
No ano de 2017, Jacaré lançou uma cativante animação stop-motion intitulada "Sai da Lama, Jacaré". Esta obra viajou o mundo, participando de importantes festivais de cinema ambiental e conquistando dois notáveis prêmios em sua categoria na América Latina. Dirigido pelo cineasta carioca Alexandre Juruena, o filme foi aclamado como o Melhor Filme Brasileiro no Festival Brasil Stop Motion (2018) e também foi agraciado com o prêmio de Melhor Filme de Animação Nacional pela Associação Brasileira de Cinema de Animação - ABCA (2018). Em uma narrativa com duração de pouco mais de 2 minutos, o filme retrata a excepcional capacidade de Jacaré em dar vida a materiais recicláveis que encontra em seu caminho, destacando a ressignificação de maneira brilhante. O filme está disponível nas plataformas Youtube e Vimeo.
No ano de 2019, em parceria com a produtora Bianca Pimentel, Jacaré deu vida a um antigo e inspirador projeto: criar uma sala de cinema pública. Assim nasceu o Cine Jacaré, um cineclube com o propósito de promover a conscientização ambiental por meio da sétima arte. Até o momento, foram realizadas cinco edições do evento. Quatro delas aconteceram de forma presencial, no jardim do ateliê Jacaré. Já a quinta edição, que ocorreu em 2021, com o apoio da Lei Aldir Blanc - LAB PE, teve que ser adaptada para o formato online devido às restrições impostas pela pandemia. O projeto permanece temporariamente inativo, aguardando o momento adequado para reiniciar suas atividades.
Em 2020, antes da eclosão da pandemia de Covid-19, Jacaré estava imerso no processo de preparação de uma exposição na Galeria Corbiniano Lins do SESC Santo Amaro, na Zona Norte do Recife. A exposição, intitulada "Um Novo Olhar Transformando," foi cuidadosamente montada; no entanto, devido às restrições, não pôde ser aberta ao público. Em vez disso, a exposição desempenhou um papel fundamental como plataforma educacional para grupos de estudo da instituição, os quais compartilharam conteúdos sobre o trabalho de Jacaré no YouTube.
Em 2022, Jacaré e sua equipe inovam ao lançar um conteúdo audiovisual para o ambiente virtual, a websérie "Transformando Tudo com o Artista Jacaré," que traz cinco videoaulas ensinando o passo a passo da criação de obras de arte utilizando materiais recicláveis. Cada vídeo é uma jornada envolvente e educativa que revela os segredos da transformação de resíduos em personagens únicos, que já fazem parte da história do artista Jacaré. Essa iniciativa inovadora está disponível para acesso gratuito no Youtube., proporcionando uma oportunidade valiosa de aprender com um mestre na arte da ressignificação.
Nas recentes celebrações dos 30 anos do movimento manguebeat, Jacaré recebeu convites especiais para participar de eventos significativos. A Fundação Joaquim Nabuco e o Programa Manuel Bandeira de Leitura o convidaram para integrar o projeto "Pernambuco embaixo dos pés e minha mente na imensidão: 30 anos do Movimento Mangue." Além disso, na 22ª edição da Fenearte, a maior feira de artesanato da América Latina, Jacaré participou de um painel de "Conversas Instigantes," onde trocou ideias com outros artistas sobre a cena manguebeat.
Durante a Fenearte, uma obra antiga de sua autoria foi exposta no Pavilhão de Centro de Convenções, como parte da mostra "Mercado Pop." Essa exposição homenageou a saudosa feira de economia criativa que ocorria no Cais da Alfândega, no Recife, nos anos 90. O evento reuniu figuras emblemáticas do movimento manguebeat para celebrar a música e a arte de rua. A peça em destaque é um Mangueboy confeccionado a partir de materiais reciclados, tocando guitarra, com uma foto 3x4 de Chico Science, um ícone do movimento e amigo de longa data de Jacaré, colada à obra.
Após o retorno às atividades pós-pandemia, Jacaré mergulhou de cabeça em eventos colaborativos e estabeleceu parcerias em prol do meio ambiente. Em abril, desempenhou um papel fundamental no fortalecimento do projeto "Dia da Terra", promovido pelo coletivo Jardim Secreto do Poço, uma iniciativa de proteção ambiental em sua comunidade. Além disso, realizou uma ação especial em comemoração ao Dia das Crianças em parceria com a comunidade Zeis do Poço.
Em agosto de 2023, recebeu um convite especial para participar do "MoveMente Mangue Arte," um programa de formação continuada voltado para professores de artes, promovido pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Durante o evento, compartilhou suas experiências como artista e educador ambiental.
Além disso, realizou duas grandes oficinas de arte-reciclagem, uma no Cais da Vila Vintém e outra no Parque do Caiara, ambos localizados na Região Metropolitana do Recife. Nessas oficinas, o artista e sua equipe acolheram, em média, 100 crianças. Essas ações fazem parte do Projeto CITinova, uma iniciativa da Prefeitura do Recife visando revitalizar espaços públicos na cidade, promovendo inclusão e sustentabilidade para tornar as comunidades e territórios mais resilientes.
Com o apoio do Sistema de Incentivo à Cultura - SIC Municipal da Prefeitura do Recife, Jacaré tem circulado pelas Escolas Municipais em Tempo Integral - EMTI da cidade, levando o projeto "AteliEco Jacaré" para as salas de aula em parceria com a Secretaria de Educação, através da Gerência Geral de Ensino Integral do Recife. A etapa das oficinas já foi concluída, e agora o projeto avança para a próxima fase, que inclui a gravação de videoaulas acessíveis e o lançamento do site do projeto, onde serão disponibilizados todos os conteúdos gerados durante essa jornada artística nas escolas da cidade.
Neste mês, o artista foi convidado para participar dos painéis de debate do FNEC - Fórum Nordeste de Economia Circular O primeiro fórum de Economia Circular do Brasil, que vai acontecer nos dias 23, 24 e 25 de novembro em Salvador, Bahia, em quatro locais: Museu de Arte da Bahia (MAB).; museu Geológico; Museu de Arte Contemporânea da Bahia (MAC) e a Sala de Arte Cinema do Museu. Ministrar uma palestra na abertura do Fórum Nordeste de Economia Circular, que ocorrerá nos dias 23, 24 e 25 de novembro, no Centro Histórico de Salvador, na Bahia. Jacaré estará acompanhado de sua produtora e sócia, Bianca Pimentel, que desenvolveu o projeto "AteliEco Jacaré nas Escolas do Recife." Esse projeto servirá como um portfólio de sucesso, mostrando como a arte e a educação ambiental foram levadas para dentro das salas de aula, para inspirar os jovens a adotar uma nova perspectiva sobre o lixo e a sustentabilidade.
